Bem vindo!

"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim." Chico Xavier.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Recomeço



"Sempre é tempo de recomeçar. Em qualquer situação podemos abrir novas portas, conhecer novos lugares, novas pessoas, ter outros sonhos. Renovar o nosso compromisso com a vida e assim, renascer para a vida e alcançar a felicidade. Não importa quem te feriu, o importante é que você ficou. Não interessa o que te faltou, tudo pode ser conquistado. Não se ligue em quem te traiu, você foi fiel. Não se lamente por quem se foi, cada um tem seu tempo. Não reclame da dor, ela é a conselheira que nos chama de volta ao caminho. Não se espante com as pessoas, cada um carrega dentro de si, dores e marcas que alteram o seu comportamento, ora estamos felizes e transbordamos de alegria e paz, ora estamos melancólicos e só queremos ficar sozinhos... O mundo está cheio de novas oportunidades, basta olhar para a terra depois da chuva. Veja quantas plantinhas estão surgindo, como o verde se espalha mais bonito e forte depois da tempestade. As portas se abrem para os que não tem medo de enfrentar as adversidades da vida, para os que caíram, mas se levantam com o brilho de vitória nos olhos. Todo o caminho tem duas mãos, uma que seguimos ainda com passos inseguros, com medo, porque não sabemos ainda o que vamos encontrar lá na frente, na volta, mesmo derrotados, já sabemos o que tem no caminho, e quando um dia, resolvemos enfrentar os nossos medos e fazer essa viagem novamente, somos mais fortes, nossos passos são mais firmes, já sabemos onde e como chegar ao destino, o destino é a vitória, o seu destino é ser feliz, eu creio nisso, e você? Você está pronto para recomeçar? O caminho está a tua espera, pé na estrada, coloque um sonho na alma, fé no coração e esperança na mochila, a vida se enche de novidades para os que se aventuram na viagem que conduz a verdadeira liberdade."

Autor Desconhecido.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Quinta-Feira 07/04/2011...





Bom Pessoal;
Hoje venho até aqui, com imensa consternação, prestar solidariedade para com as famílias das crianças envolvidas na tragédia no Realengo, Rio de Janeiro. Saúdo os heróis que evitaram que a tragédia se propagasse ainda mais, na figura do bravo Sargento impôs a parada da chacina. Porém uma interrogação não se desfaz com desenrolar do caso: O que leva uma pessoa a cometer tais atrocidades?
Bom, antes de pensar um pouco nisso, queria parabenizar a rede globo, de quem não sou muito amigo, pela cobertura com maestria dos fatos, mesmo estando ao vivo durante todo o dia, o que gera dificuldade na cobertura e na lisura das informações, preocupou-se em mostrar mais fatos do que suposições, mas isso será assunto do próximo embate por aqui, que tratará a respeito da mídia (a língua está afiadíssima).
De um lado, um jovem, filho adotivo de pais já falecidos, de poucas palavras, seduzido por armas e uma sede de sangue. Nas mãos uma carta desconexa, falando de lençóis brancos e um ritual de sepultamento da qual era o protagonista.
Do outro lado, grandes brasileiros do porvir, vítimas de uma única e breve interrogação, da qual não tiveram tempo pra perguntar, embora o ambiente fosse o do saber. Crianças que trouxeram aos seus pais o brilho nas respostas aos porquês do dia-a-dia, que em segundos foram levados a outra dimensão. Pequenos aprendendo a subir os degraus que conduzem ao sucesso, em busca da melhoria de vida de seus pares e da esperança de mundo melhor, pelo menos resumido a comunidade a qual residiam.
Hoje milhares de brasileiros se emocionaram, dos quais cito uma pessoa que jamais imaginei ver gotejar uma lágrima dos olhos, uma mulher tida como “fria”, que parou seus compromissos oficiais, como chefe de estado, e se emocionou diante de todos. Outros mostraram que são importantes tanto quanto a Presidente da República, e que se voluntariaram na ajuda as vítimas, como aquele rapaz que parou sua Kombi para dar socorro àquela criança ferida, o Sargento, e tantos outros anônimos que foram de vital importância.
Encerro aqui com uma grande interrogação sem resposta e receio que ninguém a terá. Aproveito-me de alguns versos de Cazuza para aproximar-me das famílias nesse momento:            
“A vida veio e me levou com ela. Sorte é se abandonar e aceitar essa vaga ideia de paraíso que nos persegue, bonita e breve, como borboletas que só vivem 24 horas. Morrer não dói.”

terça-feira, 5 de abril de 2011

Convite à Hipocrisia

Bom Pessoal:
Estava agora a pouco assistindo o CQC e vi a polêmica repercussão em torno das afirmações do Deputado Jair Bolsonaro, o que impulsinou-me a expressar minha opinião a respeito.
Pra quem não sabe o "nobre" deputado está no seu sétimo mandato. Aí eu pergunto quem elegeu esse cara, para que o mesmo deboche da cara da gente sem o menor pudor? Lembrando da afirmação dele em ser um puritano que não gosta de promiscuidade. rs.
No quadro do CQC, Preta Gil havia perguntado o que Jair faria se seu filho namorasse uma garota negra. Ele responde: 
Não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Não corro esse risco porque os meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambientes como lamentavelmente é o teu. 
Dou meus parabéns ao deputado não pela declaração em si, mas pela discussão que girou em torno de sua opinião. Lembro-me aqui de uns enscritos do também "nazista" Arnaldo Jabor que, com razão, afirmava ser o brasileiro um povo bobalhão, que acha graça em tudo, como se estivesse contando piada no enterro do próprio pai.
Vejo o julgamento que fazem do parlamentar por todo o país, o execrando por emitir sua opinião sensacionalista. O que me indigno é que boa parte dos que o crucificam pensam como ele. São poucos, em percentual, os brasileiros que aceitam a homossexualidade de seus filhos por exemplo. Vejo no lunático a opinião de milhares e milhares que o elegeram como representante, que num momento de surto, tem inúmeros lapsos na fala que expressam suas verdadeiras convicções, o que choca nossa sociedade ora moderna, ora puritana. Vejo que estamos muito preocupados com a opinião de pessoas públicas, muito mais que as nossas opiniões, muitas vezes veladas ou escondidas atrás do anonimato, por medo de afastar-se da mediocridade.
Observo que sempre estamos esperando por mudanças, porém com muito medo delas. Medo de arriscar, de pagar o preço, de sair da zona de conforto. Quantos de nós, até mesmo esquerdistas, não temeram quando Lula foi eleito? Ou melhor a palavra certa nesse caso não seria temor e sim tensão. Todos nós temos medo do novo e por isso nos furtamos quase sempre. Raramente temos coragem de dizer o que realmente pensamos sobre o nosso cotidiano. Estamos muito mais preocupados em reproduzir discursos de alguém, porque esses falaram e em algum momento tiveram virtude, nisso nos escondemos, para sermos aceitos. Trabalhamos em prol de sempre agradar, mesmo que isso seja prejudicial ao outro; é apenas o que ele quer ouvir, para ter o ego confortável.
De fato não sei o que é pior entre reproduzir o discurso de alguém, sem nenhuma originalidade, ou se furtar e não dizer nada a respeito. A mediocridade dá ânsia de vômito. Coitado de Jesus: o povo que o seguia gritava: Senhor, Senhor; foi so ele está no desconforto e o discurso mudou: Crucifique-o, crucifique-o.
Pelo amor de Deus, vamos sair do lugar de vítimas da História, por favor.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Vontade...


"Vontade preguiçosa de apanhar meus nervos
e fazer uma rede para me deitar...

e fechar os meus olhos, como que cansado
de olhar. . .

e dormir, mas dormir esse sono das pedras
que não podem sonhar...

ser folha, folha morta, amarela, caindo ao vento, embalada pelo ar...

barco solto, sem leme, sem velas, sem nada
ao sabor inconstante do mar a boiar...

Vontade preguiçosa de encostar a vida
num canto,
para descansar... .

E soltar-me em mim mesmo, e soltar-me, e cair
e deixar-me ficar,
sem ter vontade ao menos para bocejar...

Ah!...
Vontade preguiçosa de não terminar
estes versos morrendo em ar... em ar... em ar..."



J G De Araújo Jorge.

sábado, 2 de abril de 2011

Das Armas à Paz: A caminho de uma revolução interior

Bom pessoal; estou voltando novamente hoje aqui pra deixar algumas palavras.
Sempre fui um cara adepto da revolução. Às vezes a quis na “mão grande”, mas a maturidade e experiência do dia-a-dia nos mostra alguns atalhos para alcançar, ou pelo menos diminuir o caminho até a chegada aos objetivos.
Para mim a revolução, entendida aqui como uma mudança não somente na forma de administrar, mas numa mudança substancial na cultura, tinha que acontecer na arma, numa anarquia transitória de poder. Porém o tempo vai passando e a gente percebe que o ponteiro do relógio corre no sentido horário.
A forma que o sistema se articula é demasiadamente pesada e cruel. Os que tentam se contrapor ele o acusa, julga e condena. Enfim, sonhos não alimentam, não vestem, não tantas coisas, entretanto nele tudo é possível. A linha que o separa da realidade é extremamente tênue, embora alguns consigam com maestria passear sobre ela, como verdadeiros equilibristas de circo, espero um dia ainda chegar lá.
Enfim, hoje percebo que o caminho mais fácil para revolução, começa no pensamento, antes mesmo que as palavras. Enveredei-me na descoberta de que para que o mundo mude, é necessário o primeiro passo, que é a mudança dentro de nós mesmos. Mudança de perspectiva, mudança no olhar ao outro, observando-o como diferente, um alguém que em conjunto com a gente tem um grande potencial para uma mudança robusta na sociedade, para torna-la cada vez menos cruel e intolerante.
Antonio Melo.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Perfeita análise!

Tropa de Elite 2: uma falha chamada segurança pública

Colecione esse conteúdo no Busk.com
tropadeelite2 3 Tropa de Elite 2: uma falha chamada segurança públicaExistem inúmeras resenhas já publicadas sobre “Tropa de Elite 2: O Inimigo agora é outro “ cujo foco é tão somente uma análise deste filme a partir da sua própria linguagem, isto é, cinematográfica. Este não é o propósito deste artigo. Acredito que ainda mais do que o primeiro filme, a continuação deste blockbuster nacional tem como foco o debate político e por isso ele deve ser refletido juntamente com as ”polêmicas” que levanta.
Quando o autor de Elite da Tropa 2, o antropólogo Luiz Eduardo Soares, publicou o seu livro (no qual o roteiro do novo filme se baseia) ele certamente alargou a discussão sobre as Milícias e sua atividade na cidade do Rio de Janeiro. O filme, que segue com bastante precisão as palavras de Luiz Eduardo, tem o seu início nos dias de hoje, o que apresenta um problema para o espectador de alguma memória. Afinal, as situações narradas na película em sua maioria, datam dos anos de 2007 e 2008. Nada que estrague este grande feito do diretor José Padilha, mas dado que não houve problemas de se estabelecer datas claras no primeiro filme, ficamos sem entender o porquê desta omissão das datas oficiais na continuação.
Na tentativa de organizar um pouco os acontecimentos do filme com o que foi noticiado pela imprensa na época (fique atento aos links deste artigo, todos eles são notícias de época sobre os acontecimentos debatidos), falaremos aqui dos principais pontos levantados por Tropa de Elite 2 e seus correspondentes “reais”, dando um foco para a discussão que estes acontecimentos podem gerar. Desta forma, é importante avisar que, por mais que este artigo não cite o desenrolar de tramas pessoais e de toda ficção que aparece nas telas, vários eventos descritos aqui serão cruciais a trama por ele apresentada, portanto para o leitor de pouca memória (já que tudo o que falarei aqui foi fruto de intenso debate político nos últimos anos) ou que deseja ser surpreendido é melhor esperar até que se assista ao filme para retomar este artigo.
beira mar Tropa de Elite 2: uma falha chamada segurança pública
Beira Mar no dia seguinte da rebelião
Em Tropa de Elite 2, logo no início do filme somos levados para um evento que ocorreu no dia 11 de Setembro de 2002, isto é, a rebelião de Bangu 1, quando Fernandinho Beira-Mar e os membros de sua facção, o Comando Vermelho, fizeram 8 reféns e tomaram uma parte do presídio. O objetivo? A execução de , assim como de todos os líderes do Terceiro Comando, a facção rival. Na época, a governadora em poder, Benedita da Silva (relegada ao cargo depois que Anthony Garotinho resolveu tentar ser presidente) teria pedido a invasão do presídio, mas felizmente a polícia conseguiu negociar e evitar um novo Carandiru.
No filme, as coisas acontecem de forma um pouco diferente e que não vem exatamente ao caso aqui. O que importa dizer é que o fracasso da segurança pública carioca já havia sido percebido algumas dezenas de anos antes da rebelião de Bangu 1, que se tornou particularmente mais sucateada durante a terrível administração da família Garotinho, o que não impediu que sua esposa, Rosinha fosse eleita governadora poucos meses depois mesmo sem possuir qualquer tipo de experiência política.
Aqui faço um parêntese: Anthony Garotinho tinha um plano de segurança que parecia coerente quando ele assumiu o Governo do Estado, mas durante oito anos de seu mandato sem nenhuma queda evidente de índices de criminalidade é bastante claro que seu plano pode ser considerado um fracasso.
Voltando a questão baseada no filme, o que efetivamente a rebelião de Fernandinho Beira-Mar mudou no cenário da segurança pública do Rio?
Aparentemente não muito, por mais que a rebelião de Beira Mar, e a percepção nacional de que o tráfico era regularmente controlado a partir das prisões tivesse atingido a grande mídia, este fato não pareceu impactar muito a opinião pública. A bolha estourou sob o Governo provisório de Benedita da Silva, ainda que esta não possa ser inteiramente responsabilizada por ela, já que ficou menos de nove meses no cargo e o problema estourou bem no meio deste período. Importante dizer, Benedita não pareceu competente para lidar com o problema. Se os relatos sobre o dia são verdadeiros, ela teria se desesperado e ligado para o seu padrinho José Dirceu, presidente do Partido dos Trabalhadores, procurando instruções sobre o que fazer.
Benedita nega que tenha mandado o BOPE e as demais forças policiais invadirem o presídio, ainda que isto tenha sido reportado por algumas testemunhas. A verdade nesta questão se encontra para sempre perdida, já que nenhum dos lados tem provas contundentes sobre que ação a governadora teria tomado. O importante é que a negociação foi realizada e o massacre de presos foi evitado. Para mérito da Benedita, ela foi responsável por colocar o competente Zaqueu Texeira como Chefe da Polícia Civil, alguém que mais tarde, junto com Tarso Genro, Ministro de Lula, desenvolveria um eficiente projeto de segurança pública, o PRONASCI, de onde saiu a ordem para realizar as primeiras UPPs, que são apenas uma parte pequena deste programa, que em teoria deveria unir segurança com cidadania.
É importante mencionar, Rodrigo Pimentel, co-autor do primeiro livro e tido por muitos como a principal inspiração do Capitão Nascimento (interpretado magistralmente por Wagner Moura) já havia deixado o BOPE nesse período, ou seja, ele não tem nenhuma ligação direta com a rebelião de Bangu 1.
No mês seguinte, o principal responsável pelo sucateamento do estado fluminense durante este período, o radialista Garotinho, falhava em alcançar a presidência (amargando um distante terceiro lugar, depois de Lula ser eleito com a maior quantidade de votos em uma eleição brasileira) mas se provou capaz de manter o poder sobre o estado, através da candidatura de sua esposa, Rosinha Garotinho.
alvarolins Tropa de Elite 2: uma falha chamada segurança pública
O ex-chefe da Polícia Civil e deputado, Álvaro Lins.
O ex-governador seria nomeado como secretário de segurança do Rio de Janeiro, uma piada de mau gosto para o estado, já que seu governo não obteve nenhum destaque na segurança pública. Não demorou muito para Garotinho levar a chefia da polícia civil o bandido Álvaro Lins, no filme representado de forma bastante livre pela figura do secretário de segurança e depois deputado Guaracy (que não é o chefe da polícia civil em Tropa de Elite 2), cuja a eleição foi financiada por criminosos (vale dizer existem paralelos sobre este problema no longa) e marcada pelo abuso de poder. Rocha, o PM corrupto que lidera as milícias também tem muitas características comuns com Álvaro Lins. No ano de 2008, já eleito como deputado estadual, a polícia federal foi capaz de prender Álvaro Lins em flagrante, que teve seu mandato caçado pela ALERJ. Um dos resultados desta investigação teria apontado Antony Garotinho como facilitador das operações da quadrilha, o que seria o início de sua decadência política no Rio. Do ano 2008 para cá, dezenas de processos criminais diferentes acabaram por atingir Garotinho e sua esposa Rosinha, entre eles coisas como: corrupção, formação de quadrilha, abuso de poder econômico, uso indevido de meios de comunicação e etc, processos estes que renderam os dois como inelegíveis em 2010. Mesmo sem poder concorrer ao Governo do Estado, Garotinho se elegeu candidato a deputado pelo PR e foi o segundo candidato mais votado no Brasil, perdendo apenas para o Tiririca, também do PR.
O filme obviamente não é tão direto em suas acusações, mas é fácil perceber as relações entre os personagens fictícios e suas contra-partes que os inspiraram. Terminada esta saga e breve passagem que foi Bangu 1, temos o assunto principal do longa metragem: as milícias.
Para aqueles que desconhecem, as milícias são grupos paramilitares, geralmente organizadas por policiais ativos e inativos, bombeiros, agentes penitenciários e até traficantes de drogas. Elas costumam cobrar uma mensalidade dos moradores das comunidades onde atuam para fornecer uma suposta segurança além de uma série de outros serviços. As milícias são verdadeiras máfias e são mais organizadas que o tráfico de varejo, que não tem capacidade de articulação. A milícia se infiltra na política e no poder público e os usa para seu próprio benefício, a revelia daqueles que moram nas áreas de sua atuação.
O novo filme do Capitão Nascimento mostra as milícias e a política de segurança pública como os principais adversários a um Rio de Janeiro mais seguro. Ele mostra também a luta de duas pessoas de pontos de vista quase opostos contra este mesmo problema. Uma destas pessoas é bem real, no caso, o deputado Fraga (Irandhir Santos) no filme, ou Marcelo Freitas no livro, claramente inspirado em Marcelo Freixo, deputado estadual do PSOL (re-eleito em 2010) que foi o responsável por trazer à luz os problemas das milícias, e por liderar a CPI das Milícias onde cerca de 226 políticos foram acusados de manter relações com estas organizações.
Em 2006, este fenômeno potencialmente desestabilizador cresceu assustadoramente no Rio de Janeiro. As milícias existem na cidade desde os anos 70, controlando algumas das favelas. Porém, num período de seis meses, esses grupos começaram a competir pelas áreas controladas pelas facções do tráfico. Em dezembro de 2006, segundo relatos, as milícias controlavam 92 das mais de 500 favelas da cidade.
mapa milicias Rio Tropa de Elite 2: uma falha chamada segurança pública
Mapa das Milícias no Rio de janeiro
Os primeiros relatórios sobre essa expansão recente e repentina descreviam as milícias como uma forma de segurança alternativa, que oferecia às comunidades a oportunidade de se livrar da dominação das facções do tráfico, garantindo sua segurança. No início, algumas pessoas das comunidades, comentaristas dos meios de comunicação, políticos e até o prefeito da cidade, Cesar Maia do DEM, deram seu apoio aos grupos de milícias. Mas não tardou para que emergissem histórias nas comunidades que contradiziam essa imagem. As milícias tomavam conta dos lugares com violência e depois sustentavam sua presença através da exigência de pagamentos semanais dos moradores para manter a segurança. Eles relataram que as milícias, como as facções do tráfico, impunham toques de recolher e regras rígidas nas comunidades, sob pena de castigos violentos em caso de descumprimento. As milícias controlavam o fornecimento de muitos serviços aos moradores, incluindo a venda de gás, eletricidade e outros sistemas de transporte privado.
nadinho Tropa de Elite 2: uma falha chamada segurança pública
Nadinho irritado durante a CPI.
Vale mencionar, até mesmo os menores acontecimentos do filme possuem uma base real, como o assalto realizado em uma delegacia de Seropédica pelos milicianos. Onde estes adquiriram armas para sustentar o poder paralelo.
O despertar lento que a política pública teve para o fenômeno das milícias até hoje parece resultar em um grande atraso para que estes grupos sejam devidamente detidos. Por mais que o crime organizado esteja sendo expurgado de diversas favelas da zona sul do Rio, as milícias continuam controlando a zona oeste sem maiores problemas.
Talvez o único avanço nesta questão tenha sido mesmo realizado por Freixo (PSOL) e seus aliados, como o relator da CPI Gilberto Palmares (PT), ao conseguir reunir provas suficientes para caçar os mandatos e impugnar os políticos envolvidos com a Milícia.
O mais notório nesta CPI foi perceber que um dos primeiros nomes a transparecer no documento foi o de Álvaro Lins, o mesmo que foi transformado em Chefe da Polícia Civil pelo Garotinho e que a partir de seu poder coercitivo, foi eleito deputado pelo PMDB (na época o partido de Garotinho). Na verdade, o governo de Rosinha Garotinho transpareceu ter uma base forte e sólida de apoiadores das Milícias, ainda que não existam evidências concretas que ligariam a governadora a estes grupos de forma tão direta quanto aquela retratada no filme. De toda forma, é importante ressaltar que havia sim uma cúpula importante envolta do governo do estado que era patrocinado por ações milicianas. Além do Chefe de Polícia de Garotinho, outros envolvidos notórios eram: o deputado Natalino Guimarães (DEM); o irmão dele, o vereador Jerônimo Guimarães (DEM) e o deputado Nadinho da Favela Rio das Pedras (DEM). Também foram citados na denúncia os vereadores eleitos em 2008 Carminha Guimarães (PT do B) e Cristiano Girão (PPS), da favela Gardênia Azul. Uma parcela considerável dos políticos denunciados já está presa. Vale mencionar também que Fortunato (interepretado por André Mattos) é um personagem que parece fazer alusão a duas figuras distintas: primeiramente ao deputado Nadinho, e em segunda instância ao Wagner Montes (que não tem uma relação confirmada com os milicianos).
E o Rio de Janeiro hoje, passados dois anos dos eventos retratados ao final do filme?
Poucas coisas são mais comentadas do que as UPPs, que de fato tem funcionado bem e até mesmo passaram a ser vistas como um modelo para o plano nacional de segurança pública. Acredito que existam alguns problemas com este modelo adotado no Rio, como a legitimização de comunidades que se encontram em áreas de risco ou de proteção ambiental, de toda maneira, o debate sobre a validade das UPPs e mesmo se elas são passíveis de serem aplicadas em outras regiões do país não cabem neste pequeno artigo.
CPI das Milícias Anistia Internacional Tropa de Elite 2: uma falha chamada segurança pública
A CPI das Milícias é entregue a Anistia Internacional
O péssimo sistema carcerário continua funcionando, e nas palavras do Deputado Fraga: “O Estado gasta uma miséria com escola. Para manter uma criança no colégio, depende oito vezes menos que para manter um preso. O sistema carcerário, além de caro, é inoperante. Pior: opera em sentido contrário. Quem rouba um celular sai dele formado em crimes piores. E a população carcerária não para de crescer – dobra a cada oito anos, enquanto a população brasileira dobra a cada meio século.” Acredito que este pequeno trecho pronunciado pelo personagem do filme é um bom resumo de nossa ainda atual situação neste quesito.
Já as milícias se parecem quase imunes ao plano de pacificação do estado, tendo em vista que estas continuam intocáveis na zona oeste da cidade. Vale dizer, os responsáveis pela CPI das milícias até hoje são impossibilitados de fazer campanha nesta região do Rio e continuam a ser alvo de ameaças deste grupo.
Tropa de Elite 2 é verdadeiramente uma evolução clara do primeiro filme, tanto em termos cinematográficos quanto em termos de discussão política. Se o primeiro foi acusado de ser uma visão da direita (segundo o diretor, o filme foi mal compreendido), é possível que este seja cunhado como uma visão mais afinada para a esquerda, até mesmo por ter um candidato do PSOL como um dos personagens principais do filme.
Não acredito que um Tropa de Elite 3 seja produzido, pelo menos não parece haver uma necessidade direta com o término deste segundo filme, no entanto, se mais uma seqüência vier, podemos ter certeza que será ainda melhor se mantiver a mesma forma. Por fim, acho que é válido colocar aqui um pequeno vídeo gravado alguns minutos depois da grande estréia do filme onde Freixo, único político envolvido de forma esclarecida pelo diretor, dá sua opinião sobre o tema central deste longa.
Nota do autor: Muitas pessoas tem me perguntado o porquê deste filme ter sido lançado depois das eleições. Alguns tentam dizer que houve conspiração (seja de Sérgio Cabral por não ter resolvido o problema, ou seja do Garotinho para se eleger deputado), mas me parece que o principal responsável por isso foi justamente o Freixo. Pelo que eu entendi houve sim um esforço do Padilha em lançá-lo uma semana antes das eleições. Entretanto, o Marcelo Freixo, como disse antes, foi reconhecido tanto pelo Padilha quanto pelo autor do livro Luiz Soares como o  Deputado Fraga (ele até aparece em uma cena do filme), algo que poderia influenciar o rumo das eleições. E como ele era candidato a deputado estadual isso poderia ser considerado como uso indevido de propaganda pelo TRE, mesmo crime que ajudou a caçar o mandato da Rosinha e Garotinho que usaram sua estação de rádio para a campanha. Desta forma, lançar o filme antes da eleição colocaria em risco a carreira do único político honesto que aparece no próprio filme.


Esta reflexão foi extraída totalmente do site:
http://www.ambrosia.com.br/2010/10/14/tropa-de-elite-2-uma-falha-chamada-seguranca-publica/

1ª Postagem - Reflexão

Aproveito-me dos mistos sentimentos que me cercam para tecer o meu momento de reflexão, e desejo que reflita junto comigo para que possamos crescer ainda mais e evoluir nosso pensamento crítico. Sei que para alguns falar em pensamento crítico parece bobagem e/ou perda de tempo, infelizmente Jesus não conseguiu agradar a todos, e por não falar o que queriam ouvir foi morto.
A forma de pensar, falar, agir, dentre outros, delineia o perfil de cada um. Peço desculpas àqueles que não tiveram oportunidade de me conhecer, embora sei que boa parte dos que me ouviram, pelo calor das palavras me conheceram.
Infelizmente parece que a vaidade de alguns não permite o crescimento de outros, mesmo que isso lhe custe tempo para macular a imagem alheia. Porém aqueles que se respaldam pela honestidade, pela ética, pelo profissionalismo e sobretudo pela empatia, que defino aqui como o exercício contínuo de se colocar no lugar do outro, o que facilita o ouvir de nossos próprios dizeres, não se importam com a retribuição, tampouco reconhecimento por algum feito ou cumprimento de uma missão que lhe seja conferida.
Aprendi, não nos estudos da psique mas na atividade profissional de ouvidoria, que a escuta a alguém que tem um determinado problema, nos possibilita um grande crescimento enquanto ser humano, mesmo que não caiba a nós a resolução de seu problema, contudo a negação da escuta nos faz ficar cada vez mais quadrados no rolar dos caminhos da vida, nos deixando embotados afetivamente e mais sozinhos com o passar dos dias.
Descobri que as pessoas não são iguais nem semelhantes e por isso não podemos parametrizá-las, cada um tem um motivo para ser o que é, o que não lhe isenta nas suas atitudes com os outros, pelo contrário a experiência serve para pesar ou aliviar ainda mais a consciência nas horas de descanso. O detalhe disso tudo é que lidar com frieza a tais coisas, propicia um esquecimento imediato gerando certo “alívio”, mas que faz aglutinar uma grande parcela de coisas ruins dentro de nós, que reverbera quando refletimos sobre elas.
Notei que um bom ambiente de trabalho depende da disposição de cada um para auxiliar o outro em alguma dificuldade, a quem quer que seja, sem pensar em promoção pessoal, em prol do crescimento homogêneo de todos. Para mim essa é a melhor definição de equipe.
Certa vez um amigo me falou que sábio era aquele que aprendia com o erro dos outros, até concordei com ele na época, porém hoje afirmo que sábio é aquele que aprende com os próprios erros, porque é deles que tiramos a experiência que nos dá 3 opções: Você regredir; você permanecer; ou você se impulsionar e ir além. Hoje prefiro ficar com essa última opção, encarando o fato da bolha não ter suportado o crescimento e ter explodido.
Lembrem-se sempre que o que faz um relógio funcionar são as pequenas engrenagens e não simplesmente uma bateria qualquer.
Antonio Melo