Bom pessoal;
Sei que minha área não tem muito haver com jornalismo, entretanto
trabalhamos com a subjetividade e toda e qualquer informação mexe com a
subjetividade alheia. Pois bem - O que desejo refletir aqui hoje é a respeito
da profissão de jornalista. Que tipo de profissionais estamos formando? Porque
o STF decidiu que para atuar como profissional não é necessário a formação? São
algumas perguntas que me tomam quase sempre que assisto os jornais locais.
Quase sempre o abuso desses profissionais acabam denegrindo a imagem alheia,
muitas vezes sem a permissão das partes e sobretudo têm uma contribuição
absurda na elevação dos índices de violência. Que a sociedade sofreu muitas
mudanças é fato, e não quero polemizar ao avaliá-las enquanto benéficas ou não,
porque é uma construção nossa, mesmo que de forma inconsciente, quero abordar
sim o combate desregrado à lei, moral e sobretudo à ética. Que os meios de
comunicação refletem o desejo de seus donos é fato, agora o que me deixa
boquiaberto é a busca desenfreada por audiência explorando a miséria alheia,
banalizando o crime e as mazelas sociais, retirando do indivíduo a
responsabilidade para gerar mudanças sociais e responsabilizando-o quando
destoa do comum - não dá para entender o parâmetro da marginalidade; o que é certo
ou errado depende de um momento, não fazendo apologia ao crime aqui, e da
opinião, muitas vezes insensata de um apresentador.
Engraçado; às vezes a busca para aparecer na mídia é tanta que até
alguns agentes do estado sentem-se verdadeiros atores de hollywood ou o Capitão
Nascimento do Tropa de Elite, em que há todo um aparato tecnológico, um carro
fazendo o acompanhamento da operação no solo, por vezes ao vivo, outras no “luz,
câmera, ação...” helicóptero no ar gravando imagens aéreas, quando de repente
um repórter desce do carro veste um colete, o câmera não (porque não aparece),
diversas viaturas à frente, de repente o mesmo fala, comando, comando... vamos
gravar (ou de repente ao vivo), o pelotão se forma à frente, conta 1, 2, 3,
GRAVANDO, e de repente, gratuitamente começa a correria, o repórter começa a
correr junto vira para a câmera de diz é tiro, é tiro, exclusividade a equipe
sendo recebida à tiros..., um garoto ao lado solta uma traque desses juninos e
de repente a polícia sai do foco, para para descansar um pouco, comercial... e
assim todos os dias a vida continua... com muitos profissionais da segurança sérios
e outros Wagner Moura, contribuindo ainda mais para o antagonismo entre a
marginalidade que ganha troféus para o abate de policiais e para a
disseminação dos ARs (Auto de Resistência).
É preciso que hoje cada um de nós se posicione frente a essa
situação porque a banalização da violência não dá mais para aturar, sob pena de
retrocesso na compreensão do outro e na busca pelos Direitos Humanos. Reitero o
fato de que não defendo o crime nem seus agentes, porém profissionais da
comunicação: cuidado com a sociedade que vocês estão criando sob o argumento de
ser do gueto (ghetto).
